Com pauta voltada para a cacauicultura baiana, a Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) realizou nessa terça-feira (21), audiência pública para discutir os impactos da importação do cacau africano pelo porto de Ilhéus. O diretor geral da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Paulo Sérgio Luz, e o superintendente federal da Agricultura da Bahia, Fábio Alexandre Rosa, participaram da reunião, atendendo solicitação do deputado Hassan (PP), a pedido do setor produtivo.

Durante a audiência pública os cacauicultores reivindicaram a anulação da Instrução Normativa Nº 125, do Ministério da Agricultura, que permite a entrada de amêndoas vindas da África sem tratamento com Brometo de Metila, substância que combate pragas quarentenárias. Em todo o estado são 72 mil propriedades distribuídas em mais de 10 territórios de identidade, inclusive nas regiões do Oeste e Semiárido, com uma área colhida de 420.060 hectares, de acordo com dados do IBGE, 2021.

Outro desafio apontado pelos deputados presentes e explicado pelo diretor geral da Adab é a preocupação com a Monilíase, já detectada em território brasileiro. “As ações da Adab buscam a fitossanidade como balizadora de qualidade da produção. Nesse sentido os trabalhos estão sendo desenvolvidos para evitar a entrada desta praga nas lavouras cacaueiras no Estado da Bahia, por meio de ações integradas de Defesa Vegetal, Educação Fitossanitária, Pesquisa e Assistência Técnica”, destacou Paulo Sérgio Luz, lembrando que, na última semana, ele visitou a região sul, acompanhado pelo diretor de Políticas Agrícolas da Secretaria da Agricultura (Seagri), Thiago Viana, para ver de perto os trabalhos realizados no âmbito do Projeto Fitossanitário de Prevenção à Monilíase do Cacaueiro, iniciado em 2008 e intensificado após a identificação de focos de Monilíase do Acre e Amazonas em 2021.

Em 2022 a Agência realizou inspeção e vigilância em 934 propriedades, totalizando 21.004 hectares, localizadas em 101 municípios. Em cada cidade as atividades foram centradas para a orientação dos produtores e trabalhadores sobre a prevenção e controle da praga. Houve ainda uma ampliação da rede de multiplicadores em vigilância passiva, formando mais 120 técnicos da Bahiater, do SENAR e secretarias de agricultura municipais. A fiscalização do trânsito de cacau e cupuaçu ganhou reforço nas blitzes educativas, principalmente nas rotas de risco: BA/TO, BA/GO, BA/PE, BA/ES. Um total de 3.200 pessoas foram atendidas em 170 eventos, como cursos, treinamentos, dia de campo, encontros, formação de multiplicadores, reuniões, palestras, entrevistas em rádio e TV, sites, blogs, jornais e contatos diretos.

Causada pelo fungo Moniliophthora roreri, a praga apresenta mecanismos eficazes de disseminação e sobrevivência, produz grande quantidade de esporos (pó branco), que se desprende facilmente dos frutos por muitos meses. Por afetar apenas os frutos, as perdas na produção podem chegar até 100%, necessitando de medidas de controle para continuidade da produção. O risco de introdução da praga é alto, devido às linhas de tráfego aéreo, rodoviário e fluvial em todo o país. Daí a atenção especial ao Estado da Bahia, que faz divisa com oito estados da federação, possui importantes corredores fitossanitários, por onde escoa a produção nacional de cacau em direção ao parque moageiro instalado no município de Ilhéus e recebe voos provenientes de países com ocorrência de Monilíase, além de ônibus oriundos da Região Norte do Brasil.

Ascom Adab 21.03.23

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