A densidade populacional do inseto-vetor na Chapada Diamantina foi cerca de 50% menor quando comparada com a do recôncavo da Bahia.

Os pomares citrícolas da Bahia continuam livres da praga mais grave e destrutiva da citricultura mundial, a Huanglongbing (ex-grening), e a densidade populacional do inseto-vetor (Diaphorina citri), na Chapada Diamantina, foi constatada muito baixa. Após o projeto de pesquisa, o engenheiro agrônomo e fiscal estadual da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), vinculada a Seagri, Antônio Campos Lopes, apresentou o trabalho científico sobre a flutuação populacional na região da Chapada Diamantina, na tarde de ontem (25), durante o XXIII Congresso Brasileiro de Fruticultura em Cuiabá, Mato Grasso.

O trabalho foi desenvolvido, por um período de meses (março de 2013 a fev. de 2014), em cinco municípios da região da Chapada: Lençóis, Itaberaba, Seabra, Iaçú e Bonito. “O monitoramento populacional de um inseto-praga é uma das ferramentas indispensáveis para o estabelecimento de estratégias de controle de uma praga, e este fator deverá contribuir positivamente para a não disseminação do agente causal do HLB, a bactéria Candidatus liberibacter spp., nesta região”, justificou Antônio Campos.

Foram utilizadas armadilhas adesivas amarelas instaladas em pomares comerciais (irrigados e em sequeiro) e domésticos de citros, além da planta de murta, localizadas em áreas urbanas e/ou margens de rodovias. O engenheiro agrônomo explicou que foi possível observar a elevação na densidade populacional do inseto em três períodos: meses 9 a 13; 23 a 27; e 33 a 35. “Nesses períodos ocorreu elevação dos índices pluviométricos, revelando uma correlação positiva entre o aumento populacional do inseto e o lançamento de brotações novas nas plantas hospedeiras - fato este relatado na literatura. No mesmo período, a densidade populacional de D. citri na Chapada Diamantina foi cerca de 50% menor quando comparada com a do recôncavo da Bahia (dados não publicados), onde o índice PAM (psilídeo /armadilha /mês) médio foi de 15”, apresentou Antônio Campos.

A coordenadora do Projeto Fitossanitário dos Citros da Adab e, também, autora deste trabalho científico, Suely Brito, informou que, com a eventual introdução da praga, a citricultura baiana passaria por uma enorme crise, haja vista a morte econômica imposta às variedades comerciais de citros em apenas dois ou três anos, após a infecção pela bactéria. Uma eventual entrada da praga na citricultura baiana causaria prejuízos da ordem de R$ 1,8 bilhão no período de 20 anos, conforme dado demonstrado pelo estudo de Mestrado Profissional em Defesa Agropecuária (UFRB/2012), do engenheiro agrônomo e fiscal estadual da Adab, José Mário Carvalhal. 

“Pelo que representa a citricultura para a Bahia, como o segundo no ranking da produção nacional de citros, com 64.398 hectares de área colhida e uma produção de 1.045.807 mil frutos e um rendimento de 16.240 frutos por hectare (IBGE, 2012), o Estado tem envidado esforços para manter o status fitossanitário de pomares: livre de HLB. Estamos trabalhando para retardar a entrada desta praga na Bahia e, desta forma, garantir a importante fonte de emprego e renda para o segmento da agricultura familiar e para os grandes exportadores, além de ser uma atividade de identidade cultural de distintos territórios de identidade”, ressalta o diretor de Defesa Sanitária Vegetal, Armando Sá.

O trabalho científico teve apresentação oral do Antônio Campos e possui autoria compartilhada com os engenheiros agrônomos e doutores: Suely Xavier de Brito Silva; Ricardo Lopes de Melo, professor da Famam / IF-Baiano-BA; Antônio Souza do Nascimento, pesquisador da Embrapa/BA; e a bióloga Simone Bomfim de Menezes, do IF-UFBA / Bolsista Fapesb-BA.

 

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