A Bahia está autorizada a exportar charuto para o mercado chinês. A notícia foi dada ontem (28) ao Secretário de Agricultura do Estado, Eduardo Salles, pelo diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura, Cosám Coutinho, que está na China para tratar dos últimos detalhes do acordo.

Secretaria de Agricultura (Seagri) é um incremento na produção do charuto e, consequentemente, da produção de tabaco na Bahia, após o intenso trabalho realizado Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), para a qualificação, certificação e exportação do produto.

Vale ressaltar que a Bahia é o 1º produtor de tabaco para charuto do Brasil e tem o 2º maior parque fumícola do Nordeste. O Estado já exporta o tabaco produzido em mais de 36 municípios, totalizando 1.736 hectares plantados. A atividade, oriunda basicamente de agricultura familiar, gera cerca de 12 mil empregos diretos. Entre os principais municípios produtores de tabaco, destacam-se Irará, Cabaceira do Paraguaçu, Muritiba, Cruz das Almas, Governador Mangabeira e Castro Alves.

Com a exportação do tabaco para a China a Bahia está ampliando gradativamente sua produção que alcança atualmente cinco mil toneladas, segundo dados do Sinditabaco. “Diante de mercados cada vez mais exigentes quanto aos padrões sanitários, temos uma responsabilidade ainda maior em garantir a qualidade dos produtos baianos, notadamente os originários da agricultura familiar”, enfatizou o secretário Eduardo Salles, lembrando o esforço do Governo baiano para o processo de certificação da Bahia como Área Livre de Mofo Azul. “Mas o nosso ganho maior é o beneficiamento da produção, a consolidação da cadeia produtiva e a melhoria da qualidade de vida das pessoas que trabalham e vivem dessa atividade”, salientou o secretário.

O Brasil, além de ser o 2º maior produtor de tabaco do mundo, é o líder na exportação mundial do produto há 15 anos. Conforme dados do Sinditabaco, em média, 85% do fumo produzido no Brasil é destinado à exportação. “O tabaco é atualmente a mais importante cultura agrícola não-alimentícia do planeta, e contribui substancialmente para as economias de mais de 150 países”, ressaltou o Diretor Geral da Adab, Paulo Emílio Torres. “Por isso, tendo como premissa o cenário baiano, compete à Adab creditar a segurança fitossanitária da produção, colocando o tabaco baiano em condições de competitividade fora do país”.

Os procedimentos para a certificação do tabaco baiano foram iniciados em 2009, com a coleta de amostras em 10% das 2.326 propriedades produtoras. O material foi encaminhado para laboratórios no Rio Grande do Sul e em 2010, após o resultado negativo para a presença do fungo “Peronospora Tabacina”, a Adab encaminhou um relatório ao Ministério da Agricultura com a proposta para a caracterização da Área Livre. No mesmo ano o MAPA emitiu parecer favorável, caracterizando a Bahia como primeira unidade da federação a ter Área Livre de Mofo Azul, praga que atinge a cultura do tabaco e impede as exportações do produto para outras partes do mundo. A oficialização do ato aconteceu com a publicação da Instrução Normativa nº 31 no Diário Oficial da União em 18 de novembro de 2011, abrindo a possibilidade de exportação do tabaco baiano para a China.

Paralelos aos procedimentos de certificação pelo governo brasileiro foram realizados diversos encontros técnicos da China nas lavouras de tabaco na Bahia. O Secretário da Agricultura também esteve em território chinês para tratar, pessoalmente, das questões relacionadas à exportação e aos critérios dos acordos bilaterais estabelecidos pela Bahia e pela China. As visitas da delegação chinesa tiveram como objetivo validar a certificação da Bahia como área livre do Mofo Azul. Eles observaram a formação da cadeia produtiva do tabaco, desde o plantio, a colheita e o beneficiamento da produção. Acompanhados por fiscais da Superintendência Federal da Agricultura da Bahia as missões chinesas conheceram, in loco, as ações de fiscalização da Adab e de supervisão da SFA/BA para proteger a cultura do tabaco na Bahia.

“A exportação do charuto representa não apenas a consolidação da qualidade do nosso produto, mas também o rompimento de barreiras comerciais e a abertura de mercados”, ressaltou a Superintendente Virgínia Hagge, ressaltando que o Brasil possui mais de 3.300 fiscais agropecuários, uma rede consolidada de Laboratórios Oficiais e Credenciados, além de 106 pontos de ingresso/egresso, entre aeroportos, portos, fronteiras e estações aduaneiras. “O que significa fiscalização intensa para a segurança sanitária de nossa produção”.

Para o diretor de Defesa Vegetal da Adab, Armando Sá, a exportação do tabaco terá um efeito multiplicador, uma vez que diversos países do mundo conhecerão o produto baiano. “E o trabalho desenvolvido pela Adab contribuiu para o fortalecimento do setor, promovendo um salto qualitativo do tabaco”, destacou o diretor, agradecendo aos colaboradores da Agência, Aurino Soares e Cleômenes Torres pela coordenação das ações exitosas na região do Recôncavo, onde está concentrada a produção baiana. “Temos todas as ferramentas necessárias para garantir a qualidade sanitária da produção, auxiliando a sustentabilidade do agronegócio. E vamos continuar cumprindo com o nosso papel”, disse o diretor, lembrando que para manter esse status, dando suporte às ações de defesa, a Bahia dispõe de 43 barreiras fixas informatizadas e 23 móveis, além de um Centro Colaborador de Defesa e Pesquisa como respaldo científico para as atividades.

Ascom / Adab