A Comissão Técnica Regional do Extremo Sul e Oeste para o Mamão realizou na última semana (22), em Salvador, sua primeira reunião para apresentar ações estratégicas de combate à infestação pelo vírus da Mancha Anelar nas duas regiões. A Comissão, presidida pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura, conta com a participação da Embrapa, Ceplac, EBDA, Faeb,Brapex, Aiba, Superintendência Federal da Agricultura e Associação de Fruticultura do Vale do Rio Corrente.

O grupo esteve ainda com o Secretário da Agricultura, Eduardo Salles, para apresentar as propostas para o controle das pragas do mamoeiro. “Estamos vivendo um momento que requer diálogo contínuo, compartilhamento de responsabilidades e difusão de informações que estimulem a pesquisa, o investimento em tecnologia e a extensão”, enfatizou Salles. “Pensar no futuro da agricultura é saber dialogar, ouvir o produtor e, em conjunto, encontrar soluções para os principais problemas”, ressaltou o Secretário, orientando a Comissão a realizar reuniões locais com o setor produtivo para ver de perto os desafios de cada região e encontrar alternativas específicas para cada realidade.

Criada com o objetivo de estabelecer diretrizes e procedimentos operacionais nos pomares com incidência de pragas, mantendo articulação com a cadeia produtiva, setores público e privado, a Comissão Técnica Regional do Extremo Sul e Oeste para o Mamão teve ainda como pauta os prejuízos financeiros causados pela Mancha Anelar e Meleira do mamoeiro. Vale ressaltar que a Bahia é um dos principais produtores de mamão do país, responsável por 50% da produção brasileira.

Durante o encontro, realizado na sede da Adab, as instituições delinearam as ações prioritárias para evitar a propagação da praga. “As estratégias definidas objetivam a redução da fonte de inoculo do vírus em curto prazo”, explicou o representante da Brapex, José Roberto Fontes que apresentou um relatório técnico sobre a situação das lavouras no Oeste e Extremo Sul baiano. Em todo o Estado são mais de 9,5 mil hectares plantados de mamão. Cerca de 1.230 hectares já foram erradicados por ação dos fiscais da Adab. “Mas, chegamos a um ponto em que o produtor e o cliente são os principais fiscais. Por isso temos que unir esforços, compartilhar responsabilidades para solucionar os problemas enfrentados hoje nas lavouras de mamão na Bahia em comum acordo”, disse Fontes.

Desde Junho deste ano a Comissão tem visitado propriedades, viveiros de mudas, casas de embalagens e pomares em todos os estágios vegetativos da cultura, buscando informações para consolidar as estratégias de ação. “Nossa meta é zelar pela qualidade das lavouras e sustentabilidade do negócio”, acrescentou o Diretor Geral da Adab, Paulo Emílio Torres. “E isso só é possível com boas práticas agrícolas e soluções simples aplicadas em campo”, enfatizou Torres. Durante as visitas os técnicos observaram elevado nível de descarte de frutos fora do padrão de comercialização, viveiros a céu aberto próximo a pomares infectados, galpões em péssimo estado de higiene e transporte inadequado.

Para evitar maiores prejuízos e a continuidade dessas práticas desaconselháveis, outra proposta apresentada pelo grupo foi a obrigatoriedade do cadastro de propriedades e unidades de produção do mamão, o treinamento de funcionários que realizam o monitoramento nas lavouras, assim como a possibilidade de tornar obrigatórias as anotações mensais de todas as plantas doentes erradicadas em livro de registro pelo Responsável Técnico de cada propriedade. “Ao final de todo este processo o produtor será beneficiado com a revisão e o aprimoramento do sistema de produção de mamão nas regiões, tornando o negócio sustentável e competitivo em relação a outros pólos no país”, disse a Coordenadora do Projeto de Prevenção e Controle das Pragas do Mamoeiro, Flávia Lopes.

“A detecção de problemas aponta para uma defesa agropecuária eficiente”, destacou o Diretor de Defesa Sanitária Vegetal da Adab, Armando Sá. “E a Bahia tem todos os recursos, financeiros e humanos, para tomar as decisões estratégicas necessárias para solucionar as questões e salvaguardar a cultura de mamão no Estado”, avaliou o diretor, esclarecendo que as propostas analisadas nos últimos dias será transformada em Portaria Estadual e publicada em Diário Oficial.

Ascom / Adab