A detecção da Cochonilha Rosada do Hibisco (Macollenicoccus hirsutus) em Roraima (2011) e as recentes confirmações de ocorrência da praga no Espírito Santo e Mato Grosso (2012), e São Paulo (2013), motivaram o Ministério da Agricultura (Mapa) a realizar um treinamento no município de São Carlos, em São Paulo, na última terça-feira (12). A Bahia foi representada por profissionais da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) e da Superintendência Federal de Agricultura do Estado dentre os 15 fiscais agropecuários (federais e estaduais) oriundos do Pará, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul.
“Até o momento não foi detectada a presença da Cochonilha Rosada nos cultivares baianos e, em parceria com o Mapa e a Embrapa, manteremos esse status visando sempre a qualidade dos produtos sem prejuízos econômicos para o agricultor”, afirma o Secretário de Agricultura do Estado, o Engenheiro Agrônomo, Eduardo Salles.
O treinamento teórico e prático, ministrado pela Dra. Ana Lúcia Peronti, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), abordou temas como a distribuição geográfica, características bioecológicas da praga, hospedeiros de mais de 200 gêneros de plantas frutíferas e ornamentais, além de danos econômicos e métodos de controle. Durante o curso, o coordenador do Mapa/DSV, Elyson Amaral, solicitou, em caráter de urgência, que os estados realizassem um levantamento para determinar o status de ocorrência da cochonilha rosada do hibisco, a fim de subsidiar a legislação federal que tratará do manejo da praga.
“A Coordenação do Projeto Fitossanitário dos Citros da Adab se incumbirá de treinar a equipe da Bahia e realizar o levantamento de campo nas principais áreas de risco, a exemplo de rodovias federais, proximidade com áreas de ocorrência e locais onde se possam encontrar hospedeiros preferenciais (hibisco, graviola, cacau, uva e citros)”, afirma a coordenadora do projeto e fiscal estadual agropecuária treinada pelo Mapa, Suely Brito, confirmando que as capacitações já serão realizadas no mês corrente.
De acordo com o Diretor de Defesa Vegetal, Armando Sá, ainda não se sabe sobre o impacto econômico que esta praga possa trazer às áreas de cultivos comerciais e de subsistência da Bahia, lembrando que existem grandes oportunidades no manejo da Cochonilha, graças aos avanços nas pesquisas científicas. “O Laboratório de Entomologia da EMBRAPA/CNPMF já possui colônias de um dos principais agentes utilizados no controle biológico da cochonilha rosada do hibisco, trata-se de uma joaninha (Cryptolaemus montrouzieri), inseto introduzido no país e muito eficiente no controle dessa praga”, finaliza Sá.
Em função do alto risco e do perigo que representa para a agricultura nacional, o ministério da Agricultura emitiu um Alerta fitossanitário, recomendando a todos os órgãos de defesa sanitária dos estados, vigilância redobrada na fiscalização de todos os produtos oriundos do estado de Roraima, Espírito Santo, Mato Grosso e São Paulo. “Os produtos oriundos destes estados somente poderão ingressar na Bahia acompanhados da Permissão de Trânsito Vegetal (PTV), constando que a partida é livre da praga”, finaliza o diretor.
Esta praga é uma espécie extremamente polífaga, afetando pelo menos 74 famílias botânicas e mais de 200 gêneros em todo o mundo. Algumas das famílias de cultivos mais importantes incluem cítricos, cacau, chili doce, pepino, mamão, batata-doce, figo, café, uva, legumes, ervas, hibisco (rosa graxa) e palmeiras ornamentais. Ela suga a seiva e injeta substâncias tóxicas na planta, debilitando as culturas e comprometendo a produtividade dos vegetais. A cochonilha é facilmente disseminada pelo vento, pela chuva, por meio de pássaros, formigas e veículos.
A presença da praga em uma planta hospedeira é denunciada por um aglomerado de corpos macios do inseto, de aspecto branco pulverulento, semelhante à textura do algodão, deixando, em casos extremos, a planta toda coberta. Também favorece ao aparecimento de “fumagina” um fungo de coloração negra e que interfere na capacidade fotossintética do hospedeiro. Com isso, ocorre a diminuição da velocidade de crescimento dos brotos jovens, podendo inclusive levá-los à morte. Esta “cobertura” também impede que muitos agrotóxicos sejam efetivos no controle da Cochonilha Rosada e, em decorrência desse quadro descrito, há uma redução drástica na produtividade da planta.
Ascom / Adab